sexta-feira, 2 de abril de 2021

Ta1 - unopar- Administração - Simulação Empresarial (optativa) Realização: 27/08/2018 19:05 à 27/08/2018 20:25

 









Em dois anos, setor automotivo corta 200 mil
SÃO PAULO - A crise que levou à redução drástica nas vendas e na
produção de veículos no Brasil provocou o fechamento, de 2014 até agora, de
31 mil vagas nas montadoras, onde normalmente os empregos são
considerados de melhor qualidade. Na rasteira, foram demitidos mais de 50 mil
trabalhadores nas autopeças e mais de 124 mil nas concessionárias, numa conta
que supera 200 mil cortes.
Os números vão seguir em alta, pois ainda há ajustes a serem feitos em
algumas fábricas, como as de Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR), onde
a Volkswagen deve seguir o mesmo procedimento realizado na unidade do ABC

paulista, com abertura de programa de demissão voluntária (PDV), que atraiu
pelo menos 1,2 mil funcionários nos últimos dias.
Na Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo (SP), 1.047
trabalhadores se inscreveram em um PDV nas duas últimas semanas, após a
montadora oferecer R$ 100 mil como incentivo, além dos direitos da rescisão.
Apesar disso, a empresa não obteve as 1,4 mil adesões que esperava e, por
isso, demitiu mais 370 funcionários.
Alguns trabalhadores aderiram ao programa por não verem mais o futuro
que esperavam no setor, até pouco tempo muito cobiçado. "O ambiente atual é
de muita pressão", diz Gustavo, funcionário da Mercedes há cinco anos que
pediu para não ter o sobrenome divulgado, por questão de segurança.
Ele vai aproveitar o salário extra e a rescisão para quitar as prestações do
apartamento em Santo André (SP), onde mora com a esposa, que trabalha numa
administradora de condomínios, e a enteada, de 12 anos. "Com isso, me livro da
maior dívida que tenho."
Gustavo, de 39 anos, vai começar a distribuir currículos em indústrias,
mas já dá "este fim de ano como perdido". Se não conseguir emprego nessa
área, pretende voltar a dar aulas de história, área em que é graduado. Outro
funcionário que também pede para não ter o nome divulgado - e se identifica
apenas pelas iniciais J.S. - quer aproveitar o dinheiro do PDV para fazer um
curso de línguas fora do País e, quem sabe, uma pós-graduação. "Enquanto a
situação não melhora, vou tentar investir nos estudos", afirma ele, que tem 38
anos e também trabalhou por cinco anos na Mercedes no setor de CKD (veículos
desmontados).
A intenção do ex-metalúrgico é ir para o Canadá ou Austrália, mas ele se
preocupa com a dívida que deixará no Brasil, de "muitas" prestações do imóvel
adquirido em São Bernardo do Campo (SP) há poucos anos. A esposa e os três
filhos de 17, 10 e 7 anos ficarão no País. Ela faz bicos como manicure e em
confecção de roupas.
No fim de 2013, as montadoras do País empregavam 157 mil
trabalhadores, número que, em agosto, era de 126 mil. Desse total, 2,5 mil estão
em
lay-off (com contratos suspensos por cinco meses) e 19,8 mil no Programa
de Proteção ao Emprego (PPE), que reduz jornada e salários.

Retomada
A partir de 2014, quando as crises econômicas e política se intensificaram,
a produção nacional despencou de 3,7 milhões de veículos para as esperadas
2,3 milhões de unidades neste ano. O mercado interno encolheu 1,7 milhão de
veículos e caminha para chegar ao fim do ano com vendas de no máximo 2
milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, retornando assim
a volumes próximos aos de dez anos atrás.
Voltar a vender anualmente mais de 3 milhões de unidades, como ocorreu
de 2009 a 2014, deve levar no mínimo quatro anos, prevê Rodrigo Custódio,
diretor da área automotiva da consultoria Roland Berger para a América do Sul.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea), Antonio Megale, também vê uma recuperação lenta.
Neste ano, a entidade estima nova queda de 19% nas vendas em relação ao
anterior, mas, para 2017, o executivo espera o início da retomada. "Certamente
vamos ficar acima dos 2 milhões de veículos deste ano, que é um número muito
baixo", prevê Megale. "Pode ser até que o volume cresça pouco, mas não vai
ser negativo."
Queda de vendas no Brasil causa prejuízo bilionário a fabricantes
Nos últimos dois anos e meio, apenas duas das quatro maiores
montadoras do País - as americanas General Motors e Ford - somaram prejuízos
de US$ 3,9 bilhões na América do Sul, região em que o Brasil responde por
quase 60% das vendas. As duas marcas e a Fiat Chrysler são as únicas que
divulgam balanços financeiros na região.
O grupo Fiat Chrysler teve lucro de US$ 218 milhões em 2014 e prejuízo
de US$ 78 milhões no ano passado. No primeiro semestre deste ano, voltou a
se recuperar e registrou ganho de US$ 10 milhões. A Ford, contudo, perdeu no
período US$ 521 milhões, quase 40% a mais que em igual intervalo de 2015.
A GM, por sua vez, teve prejuízo de US$ 188 milhões, melhora
significativa em relação ao resultado negativo de US$ 358 milhões no primeiro
semestre de 2015. "Provavelmente a empresa adotou medidas de eficiência,
redução de custos e de pessoal", afirma o diretor da Roland Berger, Rodrigo
Custódio. Ele acredita que o quadro de perdas se estenda para a maioria das
demais montadoras. O setor opera com menos de 50% de sua capacidade

produtiva, de 5,3 milhões de veículos, atingida nos últimos anos com a
inauguração de novas fábricas.
Uma das novas construções, a unidade da Honda em Itirapina (SP), ficou
pronta no fim de 2015, mas até hoje não ligou as máquinas. A fábrica com
capacidade para 120 mil carros ao ano está fechada, à espera da retomada do
mercado. Não há previsão de quando será inaugurada.
Competitividade
O único dado positivo das montadoras são as exportações, em parte
ajudadas pela questão cambial. No ano passado as vendas externas somaram
417 mil veículos, quase 25% a mais que em 2014. Neste ano, a previsão é de
superar 500 mil unidades.
O problema é que o carro nacional só consegue chegar a países da
América Latina, cuja demanda total é inferior ao mercado brasileiro. Além disso,
para alguns deles, é mais barato importar da China ou dos Estados Unidos. "O
Brasil precisa sair para fora da América Latina, pois o mundo é muito maior que
isso", diz Custódio. Mas a falta de acordos comerciais com outros países, e
principalmente a falta de competitividade do produto nacional, torna esse
caminho bastante difícil.
O consultor da Roland Berger cita, por exemplo, o nível de automação -
que é um elemento de competitividade - na indústria local. "O Brasil tem 30 mil
robôs nas fábricas e, para se equiparar à média mundial precisaria ter 200 mil".
Outro exemplo é a falta de escala de produção. Levando-se em conta a
grande quantidade de modelos produzidos no País, a média brasileira é de 30
mil unidades ao ano por modelo. Nos EUA é de 110 mil, no México de 90 mil e
na Alemanha de 80 mil. Segundo Custódio, o investimento em um novo carro é
muito alto e, sem escala produtiva, pode ser inviável.
Outro fator citado por ele é a urgente necessidade de recuperação do
parque de fornecedores, que passa por grandes dificuldades e muitas empresas
estão quebrando ou entrando em recuperação judicial. As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.
Atividade:
1) Desenvolver a leitura do artigo proposto.
2) Debater a questão proposta sobre a difícil decisão de “demitir”.
3) A crise vem colocando uma situação algumas vezes inevitável diante dos
executivos: a demissão em massa. Mas como definir rapidamente como
e onde demitir sem comprometer o futuro?
4) Após a leitura da reportagem extraída da DCI (Diário Comércio Indústria
e Serviços), solicita-se: o grupo é gestor/diretor de uma empresa
multinacional do ramo de alimentos instalada na própria região com
aproximadamente 500 funcionários. Em decorrência da crise mundial, a
direção deve reduzir de modo sensível os custos e despesas da indústria.
Pede-se: quais as melhores decisões a serem tomadas? Listar todas as
possibilidades.
5) Discutir as respostas com os demais grupos.


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